domingo, 18 de março de 2012

Educação é um ato de amor, por Ivanilson Costa

 Quero, através desde pequeno e modesto texto, parabenizar a todos os professores aprovados e convocados para o exercício de licenciatura na Rede Estadual de ensino do Rio Grande do Norte. Com certeza, uma grande renovação na Educação estadual, pois muitos são recém-formados e estão confiantes e com muitas expectativas de um bom trabalho. Apesar de tantas dificuldades, injustiças e desvalorizações, existem professores apaixonados, que sonham e fazem sua parte para isso: mudar o mundo, não solitariamente, pois isso seria impossível, mas com a preciosa ajuda de seus aprendizes. Oxalá, que todos esses 3.500 professores e especialistas não sejam mercenários da Educação, realizando o seu trabalho de qualquer jeito, sem gostar do que faz, sem amar mesmo. Sim, porque o amor à Educação é primordial. Já ouvi muito professor falar: “Ah, no começo era tudo muito bom, eu amava a Educação; hoje, não existe mais amor”. Mas esse profissional está equivocado: nunca amou, pois o amor não morre e, se por acaso morreu, é porque não existia amor.
Compartilho com vocês um texto do célebre educador Gabriel Perissé “Professor apaixonado”. Vamos fazer a diferença, professores!

Professores e professoras apaixonadas acordam cedo e dormem tarde, movidos pela ideia fixa de que podem mover o mundo.
Apaixonados, esquecem a hora do almoço e do jantar: estão preocupados com as múltiplas fomes que, debilitam as inteligências.
As professoras apaixonadas descobriram que há homens no magistério igualmente apaixonados pela arte de ensinar, que é a arte de dar contexto a todos os textos.
Não há pretextos que justifiquem, para os professores apaixonados, um grau a menos de paixão, e não vai nisso nem um pouco de romantismo barato. Apaixonar-se sai caro!
Os professores apaixonados com ou sem carro buzinam o silêncio comodista, dão carona para os alunos que moram mais longe do conhecimento, saem cantando o pneu da alegria.
Se estão apaixonados, e estão, fazem da sala de aula um espaço de cânticos, de ênfases, de sínteses que demonstram, pela via do contraste, o absurdo que é viver sem paixão, ensinar sem paixão.
Dá pena, dá compaixão ver o professor desapaixonado, sonhando acordado com a aposentadoria, contando nos dedos os dias que faltam para as suas férias, catando no calendário os próximos feriados.
Os professores apaixonados muito bem sabem das dificuldades, do desrespeito, das injustiças, até mesmos dos horrores que há na profissão.
Mas o professor apaixonado não deixa de professar, e seu protesto é continuar amando apaixonadamente.
Continuar amando é não perder a fé, palavra pequena que não se dilui no café ralo, não foge pelo ralo, não se apaga como um traço de giz no quadro.
Ter fé impede que o medo esmague o amor, que as alienações antigas e novas substituam a lúcida esperança.
Da aula não é contar piada, mas quem dá aula sem humor não está com nada, ensinar é uma forma de oração.
Não essa oração chacoalhada de palavras sem sentido, com voz melosa ou ríspida. Mera oração subordinada, e mais nada.
Os professores apaixonados querem tudo. Querem multiplicar o tempo, somar esforços, dividir os problemas para solucioná-los. Querem analisar a química da realidade. Querem traçar o mapa de inusitados tesouros.
Os olhos dos professores apaixonados brilham quando, no meio de uma explicação, percebem o sorriso do aluno que entendeu algo que ele mesmo, professor, não esperava explicar.
A paixão é inexplicável, bem sei.
Mas é também indispensável.

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