domingo, 4 de dezembro de 2011

Professor Ivanilson comenta sobre a matéria do TN

Sou educador e acredito no poder transformador da Educação no nosso País. A matéria da Tribuna do Norte sobre as verdades e os mitos da educação da sala de aula está muito rica, mas, como professor atuante, alfabetizador ativo na sala de aula, não concordo com alguns pontos explicitados na referida publicação. Acredito, que as visões dos especialistas são fundamentais, mas não devemos esquecer que a relação entre teoria e prática muitas vezes são muito distantes. O que aprendi na faculdade muitas vezes difere, e em muito, do que presencio e vivo na minha sala de aula. Esse discurso belo e uniforme é muito válido para quem está no seu espaço climatizado, apenas assinando papeis e elaborando projetos.
Por que essas pessoas não vão para as salas de aula dar consultoria? Já que pela obviedade, sabem mais que os professores? Claro, não uso da generalidade, pois sei que muitos estudiosos e especialistas contribuem significativamente para o desenvolvimento da Educação no nosso País, mas critico esses que não conhecem as realidades das salas de aula e enfeitam seus discursos com teorias, apenas. No ano de 2009 lecionei numa turma de 7º ano com 60 (acreditem) alunos. Como poderia desenvolver um método de aprendizagem eficiente e, ao mesmo tempo, atender as necessidades desses educandos individualmente em 50 minutos, numa sala com estrutura física deficiente? Atualmente não trabalho mais com Ensino Fundamental II, mas sou professor polivalente alfabetizador. Nós que trabalhamos com essa faixa etária sabemos das dificuldades que enfrentamos, pois além de ensinarmos, nós também educamos e “formamos” pessoas. Não se concebe uma sala de alfabetização de 1º ano com mais de 25 alunos, este, já é o limite para um bom rendimento dos alunos. Ressalto: não falo isso como especialista, falo como alfabetizador que sou e que tenho orgulho de ser. Para os alunos do Ensino Fundamental II até se admite uma sala com 30 alunos, mas já é bastante penoso e desgastante para o educador realizar um trabalho significativo, isso porque os alunos que lidamos, principalmente da escola pública, veem de situações, ambientes e culturas diversas. Muitas vezes são violentos (devido às circunstâncias), desestimulados e carentes. Não acreditamos numa educação puramente econômica, que privilegie a quantidade, mas numa educação qualitativa, humanizadora, como enfatizou o Paulo Freire, numa educação voltada para a formação do indivíduo como ser crítico e pleno. Com relação aos outros aspectos da matéria, sou de acordo com todos. Nossa Educação precisa de uma mudança radical, eu, particularmente, creio que essa mudança já está em curso. É muito importante a ênfase na universalização do ensino e a garantia de uma educação de qualidade para nossos educandos, pois não se concebe mais uma educação do século XVII, baseada na educação bancária e na passividade dos alunos. A escola colaborativa e sintonizada com as realidades de seus educandos ainda é um desafio para o Brasil. Uma escola sintonizada é uma escola atualizada com formas de ensinar eficientes, que acompanha as mudanças sociais e tecnológicas evidentes.

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